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desenhos do paraíso

Desenho 1993-2003

Catarina Rosendo

Domingos Rego. Termina o curso de Pintura pela ESBAL em 1993, expondo individualmente desde esse ano (Galeria Palmira Suso, Lisboa) e participando em mostras colectivas desde 1994 (Museu Tavares Proença Júnior, Castelo Branco). Em 1993 projecta e executa uma pintura mural para o Centro de Telemarketing do Banco Comercial Português.

Uma pesquisa das condicionantes pictóricas ligadas a um fazer artístico que se institui, ao longo dos séculos e na acumulação de um saber técnico-simbólico, enquanto história da arte, está por detrás das preocupações plásticas de Domingos Rego. A diversidade formal e temática com que o artista explora as suas figurações evidencia a procura de virtuosismo, mediante um aturado trabalho de texturas e de depuração esquematizada e expressiva dos assuntos representados, seguindo as regras clássicas da composição no respeito pela perspectiva e pelo equilíbrio do conjunto. As modelações de cor, de grande energia plástica mesmo quando se resolvem em quase monocromias e não anulando a matriz de desenho que se exprime no traço seguro e despojado, funcionam pela ilusão de volume em torno de um minucioso trabalho de contrastes de claro-escuro que dotam as formas de sentido escultórico na sua relação com os fundos.

A sua obra denota um constante diálogo com a tradição da pintura, a partir de citações subtis à historia e à teoria artística, colocando a própria arte na condição de um referente que foi até à pouco tempo ocupado pela realidade e pelo mundo: é o caso de Seurat, na exploração técnica das texturas sobre a tela e na expressividade dos pormenores; ou de Giotto, no entendimento de imagens simbólicas que espelham noções morais.
O interesse do artista pela pintura clássica e pelo seu rigor racional e geométrico procura as hipóteses de criação da alegoria e do signo visual enquanto representações do invisível e dos conceitos abstractos, cuja realização de abertura de uma “janela para o mundo” revela um discurso científico que, através da nomeação visual, ordena e descreve uma realidade em processo de conhecimento e classificação, e onde cada definição contém em si, por uma negação silenciada, o seu próprio oposto.

 
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